quarta-feira, 14 de abril de 2010

Debut

Me lembro quando estudei o reino Animalia no Ensino Médio. Marcou-me muito a estrutura dos poríferos. As "esponjas" tem um sistema digestório, no mínimo, curioso. Elas se alimentam por filtração, bombeando água através das paredes do corpo e retendo as partículas de alimento nas suas células. A água entra pelo ósculo, algo que lembra uma boca bem grande, e sai por todas as extremidades do porífero. Ou seja, elas estão imersar em um veículo imensamente maior que elas, englobando-as completamente, mas elas tem o poder de seleção - a saturação não as domina.
Desde cedo decidi que estudaria para ser diretor de cinema. Mas sempre me torturaram as vontades de construir um prédio, uma cadeira, fazer uma revista, trabalhar também com videoclip, escrever livros e zas. Isso é reflexo do que nos é oferecido hoje em dia. Sempre estão surgindo mídias novas. Mas temos que nos atentar no fato de que a quantidade de mídias não é proporcional a necessidade de produção. Vivemos uma saturação de recursos. Todos tem acessos a recursos e todos saem "produzindo". Quantitativamente, temos muito mais peças artísticas de nossos anos que dos passados, mas analisando a qualidade, as coisas não mudaram tanto assim - talvez até tenhamos sofrido um regresso. A luta agora é não se afogar nos recursos. Temos que filtrar o que é util.
Enfim, nos ultimos 2 ou 3 anos, tenho sofrido da doença contemporaneidade. O fluxo de tudo é intenso. Exigem que façamos tudo muito rápido... mas ninguém faz obra-prima em um dia. Tem me custado muito aprender isso.Todos os dias as pessoas saem trocando links nos bate-papos com fotos legais, montagens legais, blogs legais, vídeos legais. A internet promove várias celebridades instatâneas, que (curiosamente?) duram alguns dias e no fim completamente esquecidas. O conteúdo que é trocado nos bate-papo são produtos de realização tão instantânea quanto a duração de sua fama. Muitos fazem sucesso justamente por seu nível de tosqueira. Até os concursos "culturais" hoje são absurdos - "faça um vídeo de 3 segundos muito ruim sobre semiótica".
Essa fugacidade nos faz nivelar por baixo. Meu conceito de obra-prima é algo que se perpetuará pela eternidade, surjam novas tecnologias ou não. O que vangloriamos hoje, hoje mesmo esquecemos.
Agora que eu pude diagnosticar a doença que vivo (e compartilho com muitos), vou buscar a cura. Algumas doses de saudosismo devem me ajudar, além de uso controlado de twitter, orkut, e outras dessas coisas.

Toque-a de novo
Fazendo referência ao cinema, tirei esse título do filme Casablanca. Essa é uma obra de 1942, dirigida por Michael Curtiz. O personagem Richard (Humphrey Bogart) fala para Sam (Dooley Wilson) "Toque-a de novo", pendindo pela música "As time goes by", tema marcante do filme. Não vou me alongar sobre isso, pois em breve teremos uma crítica de Casablanca por aqui. O importante é que saibam que "toque-a de novo" é uma frase eternizada por esse filme.
Sobre o layout (o layout já mudou), é simples e quase genérico. Há particularidades que entram no meu conceito, claro. Coloco no fundo uma textura  de parede com algumas cores esmaecidas. Englobando o conteúdo, o negro. O que fica visível está no centro iluminado, vocês podem conferir rolando o scroll do mouse - o texto que está na escuridão virá para a luz. Utilizo em todo o projeto gráfico a fonte Agency FB. Ela é toda quadradinha, lembrando os padrões estéticos que a web, junto aos pixels, trouxeram. A logo do blog, com Agency FB bold, é multicolorida, talvez representando a diversidade de mídias que me afligem.
Cansei...

Por fim, tudo que tenho a dizer é: sejam esponjas.


5 comentários:

  1. Eu acho que o problema todo tá na velocidade que as coisas tomaram. Lembra quando uma semana demorava uma eternidade e esperar qualquer evento no mês que vem era quase uma tortura? Agora os dias passam muito rápido... Assim a gente fica velho mais cedo. Velhos com tendinite, uma vez que a causa da nossa velhice é justamente as horas eternas que passamos diante do computador.

    "A velocidade que emociona
    é a mesma que mata."

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  2. ser uma esponja ou fazer o material para os outros sugarem?
    acho que é importante absorver tudo. essa pode ser a fonte para criação.
    acho que a minha escrita melhorou muito depois da evolução da internet. isso me conectou com o mundo e com a criatividade do mundo e isso me estimulou. talvez seja uma distração pra muita gente. pra mim é ferramenta. preciso trocar ideias para criar e muitas vezes, vc não conhece ninguém próximo que esteja muito afim, mas na net, tudo é possível.
    acho que é preciso de foco, senão nada acontece tb!
    mas quem me dera ser como uma coleguinha nosso e psicografar livros. isso daria bem mais vasão as minhas ideias

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  3. Gostei do Zas, me lembra o Chaves, hehehe

    e seu texto está bom...até engana, parece culto...

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  4. é meu caro, essa doença não é só sua.

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  5. blog bonito bicho e assino embaixo
    a fugacidade da 'emoção' nos tempos
    de hoje

    seu texto sobre "SOLARIS" já esta no dossie
    sobre o filme [com + de 130 postagens]

    [ http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=134596&tid=1775756 ]

    valeu

    e boa travessia...

    mrlx

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